Title | : | Uma outra históriatextos contemporâneos |
Author | : | |
Rating | : | |
ISBN | : | - |
ISBN-10 | : | 9786588526095 |
Language | : | Portuguese |
Format Type | : | Paperback |
Number of Pages | : | 143 |
Publication | : | Published January 1, 2021 |
Nesta coletânea, seis autores conversam sobre negritude, literatura e identidade, Itamar Vieira Júnior pensa, de forma poética (como não poderia deixar de ser), no que ele chama de "descobrimento das palavras". Djamila Ribeiro, por sua vez, explora as influências que contribuíram para que ela se tornasse uma das maiores vozes do movimento negro da atualidade: de Toni Morrison a Conceição Evaristo, de Alice Walker a Carolina Maria de Jesus (entre outras tantas), Edwige Danticat retrata a vida de Marie Micheline, que ecoa a trajetória de violência no Haiti em uma história de tirar o fôlego. Registramos ainda uma conversa histórica entre Allan da Rosa e Marcelo D'Salete, que refletem sobre o passado e o presente do pensamento negro no Brasil. Para finalizar, Alain Mabanckou discorre a respeito de como deslocamentos e imigrações podem afetar a identidade e o trabalho do escritor
Uma outra históriatextos contemporâneos Reviews
-
Outra leitura rapidíssima, Uma outra história traz textos cujas vozes são baluartes do movimento da consciência negra, Zélia Amador de Deus faz a apresentação do livro, Itamar Vieira e Djamila Ribeiro contam de suas experiências de tornarem-se leitores, Edwige Danticat e Alain Mabanckou discorrem sobre suas experiências nas histórias do Haiti e Congo, respectivamente. Mas o que mais gostei mesmo foi do papo entre o Allan da Rosa e o Marcelo D'Salete, abrangente e afiadíssimo, dão a letra do que é ser negro no Brasil da escravatura ao século XXI.
-
Resenha publicada na Jornal da Cidade (de Poços de Caldas/MG) no dia 20 de novembro de 2021.
O clube literário TAG acerta mais uma vez numa coletânea. Desta feita, essa foi lançada para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado hoje, dia 20 de novembro. É um acompanhamento para o romance deste mês, e que bônus! São textos que refletem sobre a presença de autores negros não apenas na literatura, como também nas relações sociopolíticas em todo o mundo, muitas vezes de um ponto de vista que expressa o pensamento decolonial, que rejeita o supremacismo cultural eurocêntrico. A introdução, escrita pela professora Zélia Amador de Deus, é ótima e estabelece um eixo comum a muitos dos textos de coletânea: a obra literária de Toni Morrison, autora de Sula, que foi lançado pela TAG neste ano e o qual já resenhei. Zélia me deu a ideia de que seriam ensaios acadêmicos, mas ledo engano o meu. O primeiro é do incensado Itamar Vieira Júnior, escritor baiano que venceu inúmeros prêmios com o romance Torto Arado no ano passado, incluindo o Jabuti. Ele tangencia o ensaio pessoal, ao falar de sua relação com bibliotecas, uma das quais no bairro onde viveu Jorge Amado, e, também, demonstra que, antes de chegar em Morrison e outros autores negros, passou por clássicos da literatura juvenil brasileira e clássicos como Thomas Mann, Fiódor Dostoiévski, José Saramago e Jorge Luis Borges. Ou seja, não há uma repulsa à literatura de autores brancos europeus ou que dialogam com a tradição ocidental, mas sim um rompimento com o viés elitista que rejeita outras vivências e/ou produções fora dos centros culturais usuais. No entanto, após certa digressão, ele opta por produzir um ensaio mais convencional mesmo, ainda que sem viés academicista, a respeito do prazer da leitura e sua potencialidade educacional. Quem faz um ensaio pessoal a respeito do contato com os livros e o posterior mergulho na literatura produzida por negros, em especial por mulheres negras, é Djamila Ribeiro. Ainda eu que tenha reservas com relação a sua arrogância midiática (vide os ataques que ela fez à militante Letícia Parks, também negra, mas desprezada por Djamila por não ter a pele retinta), não tem como não admirar sua postura editorial, cujas razões são esmiuçadas no seu belo ensaio. O texto seguinte é o melhor da coletânea e é da lavra da haitiana Edwige Danticat. Publicado originalmente na prestigiada revista New Yorker, a bíblia do jornalismo literário, é uma mistura vigorosa de texto de memórias e ensaio pessoal. Tem a grande qualidade do texto literário, mencionada no ensaio de Itamar Vieira Júnior e perseguida obsessivamente pelo jornalismo literário (que é o jornalismo aprofundado que despreza as convenções jornalísticas do texto com lide e pirâmide invertida, não sendo necessariamente o jornalismo que cobre literatura): a capacidade de nos transportar a locais onde nunca estaremos, eventualmente num passado distante, e a experimentar vividamente histórias e sensações de outrem. Segue-se ao brilhante relato dela, um doloroso epitáfio para uma haitiana cuja existência evola junto ao seu país, um riquíssimo bate-papo entre o quadrinista Marcelo D’Salete e o dramaturgo e historiador Allan da Rosa. Mesmo quem já tem algum conhecimento das referências que eles evocam tem muito a aprender com o diálogo registrado, que relembra personagens e autores quase apagados pelo racismo estrutural. Por fim, há um complexo ensaio, ainda que curto, do congolês Alain Mabanckou. Depois de sair da África e imigrar para a França, residindo atualmente nos EUA, ele investiga as contradições que os imigrantes vivem e como as identidades transfiguram-se. Da sua vivência ele arranca conclusões instigantes sobre a condição humana. Leiam com atenção redobrada.
Daniel Souza Luz é professor, revisor, jornalista e escritor -
No mês em que é comemorado o dia da consciência negra o clube de leitura TAG oferece como “uma delicada lembrança” este pequeno mas, poderoso livro em que quatro autores e três autoras, todos membros da comunidade afro-brasileira, discorrem sobre temas como negritude, identidade negra, literatura, o poder das palavras e a importância da leitura principalmente neste contexto conturbado em que vivemos.
Todos os pequenos ensaios são de leitura obrigatória mas, destaco “Ler, escrever, voltar para casa” em que o hoje consagrado autor de “Torto Arado”, Itamar Vieira Júnior, discorre com elegância sobre a sua formação como leitor, suas influências e sobre a literatura como “terreno da liberdade”; “As descobertas da escrita” em que a escritora, filósofa e ativista Djamila Ribeiro, autora do primordial “Pequeno Manual Antirracista”, discorre com emoção sobre as leituras que marcaram a sua vida e que a libertaram de “muitas amarras e prisões”; “Cultura preta, diaspórica: uma conversa entre Allan da Rosa e Marcelo D´Salete” em que os dois escritores, artistas e intelectuais, dialogam acerca do poder dos livros e do poder da literatura e dos escritores negros que, muito além dos pretensos modismos, vieram para ficar e precisam ser mais valorizados, lidos e discutidos.
Leitura estimulante, imensamente rica e, ouso dizer, essencial para iluminar as cabeças e as ideias nestes tempos tão complicados e em que a leitura e a literatura são tão desvalorizados. -
Recebi esse livro em uma das caixas de assinatura da TAG. Gostei bastante. Principalmente dos textos da Djamila Ribeiro, da Edwige Dancat e do Itamar Vieira Júnior. Com Referência várias vezes pelos autores à Tony Morrisom, só aumentou a minha vontade em ler Amada.
-
Um livro que traz diferentes vozes num diálogo que nos leva a conhecer um pouco mais sobre negritude, literatura e identidade.
-
Textos curtinhos, simples e diretos!
Amei o do Alain Mabanckou! -
O livro traz histórias curtas que tratam tanto da escrita e literatura em si quanto da representação social e cultural da negritude na literatura. O conto de Edwige Dandicat se destaca.
-
É muito bom começar o ano de 2022 celebrando a cultura negra.