O Arquipélago da Insónia by António Lobo Antunes


O Arquipélago da Insónia
Title : O Arquipélago da Insónia
Author :
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ISBN : 9722036947
ISBN-10 : 9789722036948
Language : Portuguese
Format Type : Paperback
Number of Pages : 263
Publication : First published January 1, 2008

Começamos por uma casa, pelo sentimento uma força em exercício, um poder que vem de há muito tempo, quando essa casa era igual mas era uma herdade, um latifúndio, quando nada faltava – a família, as empregadas na cozinha, o feitor, os campos, a vila ao fundo, e a voz do avô a comandar o mundo. Agora há fotografias no Alentejo em vez de pessoas, e há objectos, cientes que também acabarão sem ninguém, há memórias de quem dorme, ou morreu, mortos que não sabem se a vida foi vida, há os irmãos, um é autista, e a imagem da mãe muito nítida, sempre de costas “(alguma vez a vi sem ser de costas para mim?)”. Nessa altura já não se sabia a que cheira o vento, como não se sabe para onde foi a Maria Adelaide, morta também, foi para Lisboa? A herdade foi tirada ao autista, e a doença (de quem?) é um arquipélago branco nas radiografias dos outros, um arquipélago normal, inocente. Estão todos mortos ou estão todos a sonhar e trocaram de sonhos, como se pudessemos trocar de sonhos.


O Arquipélago da Insónia Reviews


  • Rosa Ramôa


    http://youtu.be/cM5bSKc3Wuc
    ...
    Eu,quando não faço sentido, gosto de ler o psiquiatra Lobo Antunes...
    Uma espécie de viagem em sentido negativo!
    Quando li este livro ainda não frequentava aqui o goodreads e não sei de que fala ou sobre que escreve o autor.Também não sei se ele quer que a gente saiba isso,mas acho que sei que a mensagem pode (ou não ?) ser essa...
    António Lobo Antunes é de uma anarquia absoluta.Ele põe-nos em constante exercício e desafia sempre a inteligência...Tem o poder único,porque mordaz,de testar a minha paciência.Leva-me ao limite dos limites e a ficar cheia de raiva de mim...E volto a ler,outra vez!!!
    Quando fala de morte,fala de vida.Quando fala de vida,fala de morte.Volta e mais volta e eu nunca sei de que está ele a falar.O certo mesmo é que tem cá um dom especial para me irritar...
    Eu até sei que sou autista no sentido além do termo!!!
    Sou tão autista que até gosto do que não percebo...
    Portanto não é para a maioria ler e gostar.
    É um livro complicado e convencido.
    Completamente difícil definir-lhe o estilo ou dizer de que fala...Não sei se fala e se tem voz ou se é uma tentativa de teorizar sobre o ser e os seres que temos dentro de nós.São tantos e estão sempre relacionados uns com os outros!
    O ser humano é "seres" humano!!!
    É coisas e relações.É mudanças para algo idêntico. É ser inteiro sendo partes...Sendo geral!!!Por vezes transcendemos...Por vezes erramos...Por vezes,ambos coincidem!
    Parece que se debruça sobre uma família de latifundiários,decadente ou em vias de decair.Aparecem pessoas metafisicas para nos perturbar e desassossegar.E ficamos a pensar na possibilidade da nossa insanidade completa.Possibilidade tão nítida...Reconhecer essa nitidez é próprio de ser predestinado,para o bem e para o mal.É a vida*A minha cabeça é a minha sentença!




  • Héctor Genta

    Con Arcipelago dell'insonnia Lobo Antunes si conferma ai vertici della letteratura contemporanea e la prosa originale con la quale sceglie di declinare l'arte del romanzo dimostra una volta di più quanta vitalità e potenzialità ci siano in questo genere narrativo.
    Non si tratta di una lettura semplice: qui siamo al cospetto di un non allineato al pensiero unico, uno scrittore che ha un profondo rispetto per il ruolo attivo del lettore e che in virtù di ciò decide di non semplificargli il lavoro ma di chiedergli impegno e attenzione costanti. A cominciare dalla forma del romanzo e dall'uso personale delle strutture della frase: il punto compare solo a fine capitolo (mediamente dopo una novantina di pagine), c'è uno sfalsamento continuo delle voci e dei piani temporali, un alternarsi di prima e terza persona, discorsi interrotti a metà e parole che si sovrappongono ad altre cambiando il corso della narrazione… La sintassi risulta a tratti disarticolata perché mancano verbi, parole, connessioni, con il risultato che ci si trova davanti a frasi tronche che impediscono la piena comprensione ma lasciano intuire, immaginare.
    La trama - la storia della famiglia portoghese al centro del romanzo - si svela così a brandelli, per frammenti, e mai completamente, questo perché Lobo Antunes non si propone di raccontare una storia in maniera classica, ma di dare al lettore un'atmosfera, come se volesse ricreare un ambiente simile a quella parte del cervello in cui riposano i ricordi, un calderone che ribolle in continuazione e dal quale pensieri, fatti e fantasie saltano fuori senza ordine, senza una regola precisa.
    Arcipelago dell'insonnia è un grande romanzo corale, polifonico, che a tratti fa venire in mente L'urlo e il furore e a tratti Pedro Paramo, un libro abitato da "personaggi senza cornice" che vivono fuori dal tempo, con vivi e morti sospesi nella medesima dimensione. Un libro sulla memoria e sulla parola che tiene viva la memoria, perché è la parola che come una bacchetta magica nomina oggetti, persone, animali, gesti, odori e così li fa rivivere nel ricordo.

  • David Fernandes

    Inesquecível. O melhor (o que será isso!?!?!) livro que li em toda a minha vida.

    Espanta-me que não seja capaz de "contar a história" ainda que pequena fosse; um pequeno episódio; uma coisinha qualquer. Nada; acho que não se pode.

    É um "cubo" maciço de vida. Não em fatias ou pedaços mais ou menos lineares mas a vida como ela é: milhares de palavras enredadas, simultâneas; frases paralelas, entrecruzadas (literalmente - chega a colocar frases, parágrafos, no meio de uma palavra, mesmo no meio), ideias que se atropelam constantemente; o que as nossas cabeças são por dentro.

    Diz-se que cada cabeça é um universo; Lobo Antunes mostra como.

    Não queria nada terminá-lo. Estou meio abalelado ainda.

    Nota: começar pela 3ª parte (a última) pode facilitar a leitura. Não me responsabilizo por eventuais "perdas" ou desilusões; é favor usar esta nota com cuidado.

  • Luís

    It was the first novel written by this author, after those more or less autobiographical or relating his experience as a doctor in Angola. Knowing that this author was a psychiatrist before devoting himself to writing undoubtedly explains a lot of the atmosphere he offers us in his novels.
    Again, the same hypnotic style, narrating this uncertain world between death and madness that we call life.
    I approached this author through his last two novels. Is it for that? I found this one, yet highly acclaimed by critics when it was released, as being less successful. But still, this dazzling writing, with hardly any punctuation, entangling the characters, the memories and the reader has only to find his way around or let this long chant lull himself.
    Great literature, indeed.

  • Elalma

    Sembra di entrare in una vecchia casa polverosa, di trovare fotografie sbiadite in cui i personaggi si mettono a parlare, così, alla rinfusa, come un fiume con una corrente impetuosa ma senza tempo, dove morti e vivi si mescolano. Occorre lasciarsi trascinare, perché così il fluire delle parole scorre con ritmo e grazia lasciando dentro la curiosità di scoprire qualcosa in più di quei personaggi. Per certi versi mi ha ricordato "l'urlo e il furore" e "Assalonne, assalonne",una famiglia strana, un fratello ritardato, la cui percezione è tanto acuta quanto poetica, il Padrone prepotente, la fanculla amata. Mi viene voglia di leggerlo di nuovo, certa di apprezzarlo ancora di più.

  • Nuno Ferreira

    António Lobo Antunes é aquele eterno candidato ao Nobel da Literatura em terras lusitanas e era de certa forma constrangedor para mim nunca ter lido um livro da sua autoria. Acabei por optar ler um livro seu que nem é dos mais conhecidos, O Arquipélago da Insónia, por uma razão estratégica. Não quis ler algo demasiado recente, nem um mais antigo, onde a sua escrita poderia não estar tão amadurecida. Este romance de 2008, o seu vigésimo, acabou por ser uma opção mais do que válida para o efeito.

    O livro deixou-me uma sensação agridoce na boca. Por um lado, é evidente a mestria literária de Lobo Antunes. Cada palavra é uma emoção, um sentimento, um hino à literatura e à língua nacional. Cada uma revela-se um clarão de luz num mundo escuro, uma bofetada contra a estupidificação, um acrescento a nós próprios. Há aqui uma cadeia de palavras que por menos sentido que possam parecer fazer, fazem todo o sentido. Senti cada linha com maravilhamento e entusiasmo.

    Desta forma, de cada vez que comecei um capítulo, só consegui parar para respirar quando o terminei. Para isso contribuiu e muito o facto de não existir um único ponto final até à última linha de cada capítulo. Cada um deles é uma cadeia difusa de ideias, um contar de história entrecortado que nos assoberba com a sua prosa anticlimática. Imaginem-se a ler um capítulo inteiro de um livro sem respirar, de um só fôlego, pois é muito disto O Arquipélago da Insónia.

    Por isso, também se revela uma leitura cansativa. Não é um livro que nos faça relaxar ou que nos entretenha, mas que nos estimula e obriga a pensar e a rearranjar ideias. É um livro extremamente complexo, com os seus emaranhados de intriga. Imaginem um livro normal como um passeio à beira-mar. O Arquipélago da Insónia obriga-vos a correr, e muito, como o personal-trainer mais exigente.

    Também a forma como a história é apresentada, o seu fio de intrigas, nos deixa completamente de rastos. É essa teia de acontecimentos de difícil compreensão, que nos confunde e inquieta, porém, o que torna a narrativa mais desgastante. Podemos admirar a escrita de um autor e até nos dispormos a acompanhá-lo a ritmo de corrida, sem pausas, mas essa tarefa torna-se extenuante e até inválida se não conseguimos compreender quem é quem, quem está a falar ou sobre quem estamos a ler.

    Lobo Antunes apresenta-nos um protagonista sui generis, o neto de uma qualquer família abastada que, no regresso às suas origens alentejanas, revisita os rostos nas molduras de família e recorda, ou imagina, acontecimentos que marcaram a vida trágica dos mesmos durante o tempo em que aquela mansão foi habitada. É um livro que revela por camadas os eventos fulcrais de uma família e todos os preceitos que a vida rural obriga. Amores, ódios, assassinatos e traições permeiam grande parte da obra.

    Sempre, porém, a partir do olhar de um narrador passivo, de braços e pés atados, constrangido pelas suas próprias particularidades. Um homem autista que recorda o seu avô poderoso, a vida no casarão e a gestão das terras, tudo de uma forma muito confusa, como uma matrioska, acontecimentos dentro de acontecimentos dentro de acontecimentos. Um relato que não deixa de ser entusiasmante mas que obriga o leitor a ser obstinado e perseverante, até chegar ao último terço do livro e finalmente compreender alguma coisa da história.

    De entre as personagens que me despertaram mais interesse, talvez pelo seu mistério, foram Maria Adelaide, o feitor e o padre. Foi um livro de que gostei, tanto da escrita como da história, mas que me deixou extenuado e confuso demasiado tempo para que de facto lhe possa dar uma avaliação mais proeminente. É uma prova de fogo para quem gosta de ler.

    Ainda assim, quero conhecer mais deste escritor, tentar perceber se a sua narrativa comum se assemelha a este romance, se nela consigo ouvir os ecos das suas personagens e a sua incessante demanda pela reflexão e pela memória. O Arquipélago da Insónia é um convite a permanecer acordado, sonhando os sonhos agitados e pouco nítidos de um narrador com muitas histórias para contar.


    https://noticiasdezallar.wordpress.com

  • Daniele

    Difficile commentare un'opera così...
    Un romanzo a più voci con uno stile narrativo che per certi versi ricorda un pò il Faulkner di Assalonne Assalonne, Mentre Morivo e L'urlo il furore mixati insieme, la storia di una ricca famiglia in decadenza vista con gli occhi di alcuni dei suoi componenti.
    Armatevi di taccuino e penna per prendere appunti sui personaggi, vi torneranno utili alla fine.
    Ah e se non ci capite un granchè non preoccupatevi, è più che normale, è un libro che per ovvie ragioni prevede almeno una rilettura, ma la prima se vi è possibile fatela tutta d'un fiato, con meno interruzioni possibili e in un ambiente che non permette distrazioni.
    è la prima opera di Antunes che leggo e mi ha già stregato!

  • João Abreu

    Um verdadeiro desafio à capacidade de concentração dada a estonteante organização caótica de ideias, de parágrafos, de frases, de palavras. Creio que Lobo Antunes só não interpela letras, pois tal representaria um desafio acrescido à editora. O caos somente começa a fazer algum sentido a algumas dezenas de páginas do final, o que torna a leitura desta obra, também, um teste à resiliência do leitor. Por este motivo, comecei a leitura em 2018, mas, poucas páginas depois, pousei o livro na estante à mercê do pó por cerca de um ano. Estou bastante satisfeito, e, quiçá, orgulhoso, por ter tido a coragem de limpar o pó e de eliminar o fardo que é ter uma leitura inacabada. Esta leitura despertou, em grande escala, o meu interesse por António Lobo Antunes.

  • Mccouto

    Dos livros mais difíceis que já li. Não se percebe a história, vai sendo dada em fragmentos, tipo puzzle. Deixou - me frustrada por não conseguir encadear quase nada. No entanto não consegui deixar de ler atê ao fim, porque, embora muitas vezes sem aparente nexo, vai-se construindo na imaginação uma novela marcante, trágica mas a seu modo cativante e profunda. É um livro para ler com muita atenção e paciência. Sem duvida diferente da maioria da literatura pela sua grande profundidade e envolvencia. Em conclusão, apesar do percurso de leitura turbulento, acho que valeu a pena.

  • Sorin Hadârcă

    Tot așa, indescifrabil. O sumă de frustrări inter-generaționale deși în partea cu iepurele jupoiat nu ține marca, mi se pare forțată metafora și nu, nu e o mare tragedie. Adică poate, dar nu din cauza iepurelui. Bunicul tiran ține de codul penal și-atât.

  • Inês Gueifão

    4.5 estrelas

    Uma ode genial à língua portuguesa.

  • Marco Sousa

    "(estou a acabar prima Hortelinda e estou vivo)"

    Talvez seja esta a frase que melhor descreve a minha experiência de leitura com o "Arquipélago da Insónia". Estas duas estrelas ficam marcadas pela indecisão. Sendo esta a primeira vez que li António Lobo Antunes, não sei até que ponto fui capaz de compreender este livro. Em parte devido, claro, ao seu singular estilo de escrita, mas também devido aos próprios devaneios, ao facto de não existir um seguimento concreto da história. Deixo o livro com o sentimento de que algo melhor podia ter sido feito com o seu material, isto porque não me identifiquei de todo com a escrita de Lobo Antunes. Sinto que este livro podia ter sido um dos meus preferidos não fosse este jorrar de memórias algo desconectadas, este não-se-saber-exatamente-o-que-se está-a-ler.
    Mas nem tudo foi mau, obviamente. Existem certos parágrafos, certas passagens do livro, que considerei magníficos e de uma grande excecionalidade. Daí me custar deixá-lo desta forma.
    Esta foi, sem dúvida, a minha leitura mais difícil. Se voltarei a pegar-lhe? Ou a ler Lobo Antunes sequer? Talvez, se um dia me sentir capaz.

  • Rui Naves

    Uma casa habitada maioritariamente por retratos, o murmúrio pertubador de gerações anteriores, bisavós, trisavós, ad infinitum, a condescendência das mulheres-a-dias que, num grito interior para que as acudam, se refugiam em vão num compartimento secreto onde, num "golpe de canário", o patriarca todo-poderoso as alcança, pratica o coito e se "serve" das mulheres, alguns tiros de caçadeira, os tucanos, os milhafres, mais uma vez o olhar interrogativo dos retratos, a angústia do homem no tempo, tudo condensado num livro que põe as nossas vidas em cada página.

  • João Miranda

    Foi o primeiro livro para despertar da (in)consciência de não ter lido uma linha de um romande de Lobo Antunes.

    Reconhecia uma diferente forma de escrita pelas suas crónicas espalhadas nos media. Não lhe reconhecia uma perspicaz capacidade de me dar uma autêntica porrada cerebral. O enredo, esse, vagueia de trás para a frente, de quando em vez segue para este, outras para oeste. O autor prefere escrever a várias vozes, onde algumas falam mais do que outras. Nem por isso nos ajuda na viagem, nem por isso conseguimos perceber como foi o quotidiano da herdade.

    Talvez presos no mundo da imaginação, da vida depois da morte, Lobo Antunes não nos deixa preso ao enredo mas a passagens fabulosas. Por decisão do autor, não foi à primeira tentativa que entrei no seu mundo.

  • Cristina

    Llevo tiempo buscando un libro como 'La insolación' y por eso me desilusioné al principio porque el estilo caótico se alejaba demasiado. Sin embargo, parte del caos se va ordenando hasta que te enteras (más o menos, echándole imaginación y suponiendo mucho) de quién es quién y qué está pasando. Sobre todo, lo que me ha ganado ha sido encontrarme con un estilo precioso, del nivel de Mercè Rodoreda, con personas que no mueren sino que revientan como perros, y que si enferman le cortan las trenzas para que la sangre no se gaste con ellas.

  • L.S.

    This is not easy to read but is worth it. Antunes seems to be writing in a faulknerian style here, so if you did not get over the first part of "The sound and the fury" do not read this. Not only the style but also the environment described here reminds me of the north american farms, the opened countryside. And the complicated relashionships within a family with many secrets...

  • María Lourenzo

    Aunque ciertos pasajes de la novela pueden resultar pesados. Lobo Antunes logra un desencarnado retrato de la familia y la naturaleza humana.

  • Luís Henrique Borba

    A linguagem metafórica em seu melhor momento (de novo) a narrar o mundo dos que se forma e dos que estão.

  • Amélie

    Le bouquin le plus difficile à lire cette année.

  • Rui Reis

    A minha primeira leitura, única até ao momento, de António Lobo Antunes. Terei de o fazer mais uma vez para o assimilar pois desconfio que ainda não tenha atingido a maturidade de leitor exigida a quem quiser entrar no mundo de quem, um dia destes, poderá tornar-se no nosso segundo Nobel...