Title | : | Um dia chegarei a Sagres |
Author | : | |
Rating | : | |
ISBN | : | 6555871466 |
ISBN-10 | : | 9786555871463 |
Language | : | Portuguese |
Format Type | : | Kindle Edition |
Number of Pages | : | 360 |
Publication | : | Published October 5, 2020 |
Nélida move-nos – tendo Mateus, o narrador, como corpo; e Camões, o norte, como alma – pela terra, pelo chão que é também rio, até que a estrada seja o mar. A viagem – o lançar-se – é destino daquele povo.
A represa – um mar inteiro a atravessar – é Vicente. O avô. Aquele que criou Mateus, filho da meretriz e neto de pai desconhecido. Um neto que encarna o campo português. Na trama íntima, plena de pujança, essas relações, em que a secura de gestos e palavras se impõe,
Um dia chegarei a Sagres Reviews
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O meu pai emprestou-me este romance a propósito de o ter ganho da própria autora. Até tem uma dedicatória só para ele! Pensei que seria uma leitura bem rápida, mas afinal não.
É um livro de escrita lenta e muito complexa, que aborda o sentido da portugalidade, mas por uma perspectiva inteiramente fresca - já que Nélida Piñon é brasileira. O persoangem principal, Mateus, é um andarilho cujo sonho era chegar a Sagres. Mas quando lá chegou, partiu-se o sonho.
A grande questão deste livro está na edição fraquíssima, com imensos erros estruturais e de lógica, e também com inexactidões temporais entre cada acção das personagens. A autora parece ter pesquisado muito sobre a vida dos portugueses em Portugal e ainda assim engana-se no nome do D. Afonso Henriques, em todas as vezes.
No fundo a história é bem simples, um triângulo amoroso diferente do habitual, mas que com esta escrita densa se torna um pouco fastidiosa.
Assim, acabei por ficar bastante desapontada. -
-La arrogancia, Mateus, solo sirve si refuerza la dignidad del pobre. Lo malo es que despierta la ira de los poderosos.-
-La memoria es mi compañera. Le pido que no capitule ante mis ilusiones, que las conserve todas.-
Novela sobre la memoria, la historia, la imaginación y los anhelos. Narra la vida de Mateus, un campesino pobre hijo de una prostituta y un hombre desconocido, nacido en el norte de Portugal del siglo XIX. Junto a su abuelo, quién lo cría desde la más tierna infancia y gracias a quién experimenta chispazos de belleza, aprende sobre el amor hacia los animales y hacia todo aquello que lo rodea y a cultivar un profundo resentimiento hacia los monarcas que lejos de ayudar a su pueblo, lo hunden más en la miseria, a excepción del Infante Enrique, conquistador Portugués a quien idealizan y miran muy alto.
A lo largo de la historia Nélida Piñón nos cuenta de manera extraordinaria el periplo de Mateus por un Portugal lleno de historias y utopías. Nos acerca un poco a la memoria portuguesa y nos invita a recorrer parajes como Sagres o Lisboa.
La contundencia y claridad poética con que está escrita esta novela es una maravilla, sobre todo en las partes que refieren a la infancia de Mateus, cerca del Río Minho en compañía de su inigualable abuelo Vicente, de Jesús y de Filomena. -
A narração nelidiana mantém o contador de histórias à vista do leitor. Ele nunca sai de cena. Ele está ali a fornecer as imagens, como se à nossa frente coubessem tanto quem conta quanto o que é contado. Duas telas, dois ecrãs simultâneos. Este é um ponto fundamental para se entender como se processa o estilo de Piñon. Esse contador, contudo, não conversa com o leitor, como o faz o narrador de Machado de Assis. E isso permite à autora desenvolver uma linguagem mais densa, que a muitos estranha em um primeiro contato, porque tem algo de professoral, algo de civilizacional em sua atitude.
Em Um dia chegarei a Sagres, Piñon agrega, de modo geral, sua vasta obra. A técnica de narrar, a que chamaremos centrípeta, é já apresentada em Vozes do Deserto, porém agora ampliada, como se dobrasse a aposta: o número de capítulos de "Vozes..." é 64, ao passo que "Um dia..." tem 128.
E por que centrípeta essa técnica que a muitos estranha? Por se tratar de uma fala oral, o recurso de pequenas retomadas torna-se necessário, assim como um poema de origem oral contém suas rimas.
Neste livro, o modo de dispor as palavras e de encadear as frases remete-nos a certos contos em 1ª pessoa do A camisa do marido e, mais longe, de O calor das coisas. A sina do pobre, ou do anti-herói, que procura a honra de sua biografia vemos em A doce canção de Caetana. A epopeia que discursa a respeito de nação nos lembra A república dos sonhos, ao qual alude certa hora, sob a figura de Xan. Encontros ora lembram Fundador em sua seriedade diligente quanto à terra, ora recordam A casa da paixão em sua exuberante sexualidade da imanência. A religiosidade, além de remeter a estes dois últimos, atualiza questões de seus primeiros livros: Madeira feita cruz e Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo. O foco para a viagem nos lembra Eucarístico em Tebas do meu coração, no qual os cuidados para com Ofélia semelham aqueles para com Leocádia, e a escolha por um salto mortal às águas por parte de Eulália equivale ao do Africano. A poética telúrica de algum modo ressoa os livros de conto Tempo das frutas e Sala de armas. Cita, quase criptograficamente, o conto "A mulher do pai", de A camisa do marido: "Fuja, filho da minha miséria". E tem o impulsivo movimento de ir de um lugar a outro, como em A força do destino.
É notável a 1ª pessoa permanente nesse romance, pois é incomum a sua escrita. Seu penúltimo romance – Vozes dos deserto – é, por sua vez, todo escrito em 3ª pessoa, não havendo nenhum diálogo. E é importante salientar que Piñon procura em cada livro um timbre consoante ao enredo – o que demonstra a diversidade de "temperaturas" que permeia toda a sua obra ficcional.
Para a autora, o gênero romance é o espaço no qual tudo da dimensão humana cabe, aceitando inclusive uma oratória de tribuna a respeito de uma tema que porventura tenha irrompido no decurso narrativo. Fora a partir da escrita de ensaios, discursos e memórias que a autora mudou de maneira mais clara seu "estilo" de narrar, sendo sua grande exceção mais "sóbria" Vozes do deserto (a meu ver, o texto mais elegante e equilibrado da autora). Para ser mais exato, há esse germe desde A força do destino (um livro de ideia interessante, porém menor). Isto, às vezes, vai mal em seu texto, mas também lhe dá o vigor da "palavra elevada", ou solene.
Em Um dia chegarei a Sagres, a presença do alfarrabista remete-nos, em parte, a Fundador, naquela relação entre livreiro e leitor, sendo aqui um recurso para legitimar os saberes que fugiriam, naturalmente, ao escopo do personagem Mateus, ainda que este tenha a vocação da oratória. Uma oratória, aliás, que usa com galhardia o recurso do afunilamento da história, o que podemos chamar de movimento narrativo centrípeto. Trata-se da maneira mais adequada à autora, cuja abordagem não é, naturalmente, linear. Sendo assim, o livro não perde como perdeu A doce canção de Caetana e seu ritmo excessivamente lento – de frases que se queriam, a um só tempo, lineares, descritivas e densas, aglutinando presente e passado sob um aluvião de metáforas para narrar coisas prosaicas, próximas a teatro de revista. A história de Um dia chegarei a Sagres, contudo, fica no limite do aborrecido.
A República dos sonhos, considerado o "opus magnum" da autora, tem um amplo arco narrativo, que procura a linearidade em cada capítulo. E consegue, equilibrando melhor a quantidade de metáforas. Um romance importante, rico, que vale muito mais na primeira leitura do que nas releituras. Deve ser leitura básica do cânone brasileiro.
Disse que Vozes do deserto é dos textos mais equilibrados e elegantes, pois a 3ª pessoa parece ser de fato uma terceira pessoa, diferentemente de muitos casos anteriores, os quais de tão presente ela parece ser uma primeira pessoa "enrustida".
Também há o sui generis Tebas do meu coração, publicado em 1974, a ser ainda descoberto verdadeiramente. Neste as metáforas são extremamente inteligentes e inesperadas. Se em Vozes do deserto há elegância, em Tebas há precisão única, que sintetiza a metáfora com a ação como nenhum escrito da autora até os dias de hoje. O romance só peca pelo cansaço proveniente dessa qualidade tão concentrada, aliada à forma sem capítulos, que se contrapõe a Um dia chegarei a Sagres, que os tem curtos. Tebas do meu coração compartilha sua forma ininterrupta com Grande sertão: Veredas.
Um dos problemas que poderíamos apontar na autora talvez seja o escasso estabelecimento de características físicas/geográficas que ofereçam mais concreção, palpabilidade à história. Outro, ainda, seria a falta de silêncio, entendido aqui como possibilidades de reflexão a posteriori, uma vez que tudo que é dito fora elaborado de modo a não deixar "pontas soltas". E é justo isso que não permite o caráter transcendente de seus livros. -
A estória de Mateus, sem sobrenome, sem presença de familiares próximos (com exceção do avô Vicente), que sai do norte de Portugal, minhoto que só, em direção à Sagres. Passa por Lisboa, conhece um cão no caminho, o pensamento sobre o Infante, memórias e memórias e memórias. Achei o texto longo demais nas mais de 500 páginas, mas a maneira de escrita da Nélida é um descobrir de palavras da língua portuguesa e de como narrativa.
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Os temas do livro são repetitivos demais, a ideia de se fazer um relato confuso e não-linear é explicito logo no começo do livro, porém, no caso do tamanho de Um dia chegarei a Sagres, o ritmo sofre com essa escolha, com passagens totalmente descartáveis, no qual a escrita em fluxo de consciência se torna cansativa e previsível.
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2.5/5
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repetitivo e cansativo, podendo ser um pouco culpa da edição. é quase auto afirmativo(?)
esperava mais considerando que gosto muito da autora
p.s.: ele só largou o cachorro? foi isso? -
Un día llegaré a Sagres narra la historia del joven Mateus, hijo de una prostituta y criado por su abuelo, cuando emprende su viaje en busca de una vida mejor. A lo largo de toda la novela su historia se mezcla con la historia de Portugal.
Reconozco que Nélida Piñón escribe bien (de ahí que le haya puesto un 2), pero la novela no me ha llegado nada. Me ha parecido aburrida, no he conseguido empatizar con los personajes ni con su historia. Entiendo que, tras la historia que se cuenta, hay otra historia, narrada de forma simbólica, relacionada con el colonialismo portugués, pero no he conseguido entrar en ella en ningún momento.