Title | : | A Casa da Paixão |
Author | : | |
Rating | : | |
ISBN | : | 8501051241 |
ISBN-10 | : | 9788501051240 |
Language | : | Portuguese |
Format Type | : | Paperback |
Number of Pages | : | 123 |
Publication | : | First published January 1, 1973 |
A Casa da Paixão Reviews
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Esse livro tem uma linguagem vívida e imagética, poética, não-linear, que lança mão de ambiguidades e sintaxe fora do usual, que dá um nó na cabeça de leitores novatos em Nélida Piñon como eu. A leitura foi difícil até que eu me acostumasse com o livro, mas ainda assim interessante pela novidade.
Por outro lado, o enredo não me interessou muito. Algumas partes, como o monólogo de Marta, a cena da igreja e o final do livro foram muito boas, mas o resto foi monótono. Estava ansioso para terminar o livro logo. -
☀ "Agora o calor do sol invade todo o nosso reino sanguíneo, podiam viver a morte e não morrer."
O título do romance fala por si! "A casa da paixão" é uma explosão de desejos de todos os tipos: do corpo, da natureza, da mente, da alma... Por outro lado, a descrença, a incompreensão e a intolerância do homem também reverberam nas páginas.
Esses elementos caminham juntos por todo o romance. Nesse livro (é o único que li da autora por enquanto, então estou me baseando apenas nele), a escrita da Nélida é pura, sem modéstia ou embelezamento. E por ironia, essa falta de embelezamento é tão natural que deixa as passagens belíssimas.
☀ "Sol abrasando o lombo, descasca minha pele, aspereza tão digital que me faço água no vasilhame, aceito a forma que ele me dá. Sou a carne que ele desnuda. E a paixão da minha carne, afinal decidida à força dos raios, é semelhante aos que se destinam à morte."
As falas das personagens se misturam em um mesmo diálogo transmitindo uma união, como se os pensamentos de uma tivessem se diluindo na outra, causando uma fluidez no texto e na leitura.
Essa prosa-poética intimista de transgressão se passa em uma espécie de sertão. Acompanhamos o desabrochar sexual da personagem Marta. O autodescobrimento da protagonista Marta me lembrou de Loreley, do livro "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres", da Clarice Lispector, que eu tanto amo.
A sexualidade feminina abordada no livro é quase que mitológica. E apesar de eu ter ficado bem triste com o desfecho, acredito que nessa obra, o que importa é a viagem e as sensações despertadas, mais do que a história em si.
Sobre a autora:
"Carioca, Nélida Piñon estreou em 1961 com o romance Guia-mapa deGabriel Arcanjo. Ao longo de sua carreira, colaborou em publicações nacionais e estrangeiras, proferiu conferências em diversos países e foi traduzida para diversas línguas. É catedrática da Universidade de Miami desde 1990, havendo sido escritora-visitante das universidades de Harvard, Columbia, Johns Hopkins e Georgetown. Recebeu os prêmios brasileiros Golfinho de Ouro, Mário de Andrade e Jabuti ― este, de melhor romance e livro de ficção de 2005, por Vozes do deserto. E os internacionais Juan Rulfo, do México; Jorge Isaacs, da Colômbia; Gabriela Mistral, do Chile; Rosalía de Castro, e Menéndez Pelayo, da Espanha. Em 2005, pelo conjunto de sua obra, recebeu o importante Príncipe de Astúrias. É doutora honoris causa das universidades Poitiers, Santiago de Compostela, Rutgers, Florida Atlantic, Montreal e UNAM. Em 1990, foi empossada como imortal pela Academia Brasileira de Letras e, em 1996, por ocasião do centenário da Academia, tornou-se a primeira mulher a presidi-la. Em 2012, foi nomeada Embaixadora Ibero-Americana da Cultura." -
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Nélida Piñon é uma grande autora brasileira que eu conhecia apenas de nome, mas ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer sua obra e resolvi começar por “A Casa da Paixão”.
Romance publicado em 1972 que agora ganhou nova identidade visual e prefácio de Sérgio Abranches pela @EditoraRecord que me enviou um exemplar de cortesia.
O primeiro impacto causado pela leitura me deixou um tanto atordoada, precisei reler o primeiro capítulo para compreender a linguagem da autora e me conformar que essa é uma história que não tem delineados precisos. A narrativa é, ao mesmo tempo, crua e poética.
Depois dessa derrapada inicial, a leitura fluiu e gostei muito da experiência.
Marta, a jovem protagonista, não adota o comportamento que é esperado das mulheres, não esconde seus desejos. Pelo contrário, abre seu corpo em febre para se alimentar do sol, em meio à natureza. Alvo da obsessão de todos os homens, inclusive de seu pai, Marta é completamente dona do seu corpo.
“(…) Odeio os homens dessa terra, amo os corpos dos homens dessa terra, cada membro que eles possuem e me mostram, para que eu me abra em esplendor, mas só me terão quando eu ordenar. (…)” p.65
Patriarcado, machismo, estupro marital, emancipação feminina e desejo sexual, são alguns do temas abordados nesse livro, que me deixou curiosa para ler outras obras da autora. -
Uma prosa poética que pode ajudar o entendimento das emoções dos personagens, deixando-nos empáticos ou pode confundir o leitor menos preparado (ou menos focado) a ponto de dizer "- O que está acontecendo aqui?!"
Apesar de gostar livros com uma abordagem mais direta (pode até ser poética), achei o livro interessantíssimo. Nélida Piñon com toda sua abordagem poética (e erudita), nos insere na narrativa, transfere os sentimentos, as sensações do seu texto (ou seria de seus personagens?) e nos faz vivenciar todo aquele turbilhão de emoções, de descobertas, de paixões. E por nos inserir, por transferir as emoções para nós, os leitores, entendemos o termo "paixão": Ela (a Paixão) pode até ser descrita, mas, só sabemos o que é, quando a sentimos. -
Um livro extremamente denso, sinto que autora coloca espécies de brechas e são através delas que observamos a narrativa. Não possui grandes acontecimentos e um livro difícil de ser lido, porém já demonstra o incrível talento que Nelida tem pra literatura.
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Deve ser o livro mais difícil que eu já li... Vou reler quando tiver uns 60 anos.
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aqui me decepcionei. algo sobre o final quebrou aquilo que se vinha construindo tão maravilhosamente durante todo o livro.
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NITROLEITURAS | Casa da Paixão - Nélida Piñon | Ed. Record, 128 pgs | Lido em 18.12.15
Um romance curto da Nélida, da sua fase mais Clarice Lispectoriana. A Casa da Paixão é uma narrativa de prosa-poética intimista, muito parecida com "A Paixão Segundo G.H.". A narrativa se passa em uma espécie de sertão mítico. Através de uma prosa que mais parece poesia, descreve a relação incestuosa ( ou mitológica) entre uma jovem e seu pai, e envolve a negra velha que trabalha na fazenda. É um texto metafórico, que lida com erotismo e muito hermético, no melhor estilo "paisagem psicológica".
A prosa é bela, com muitas frases para sublinhar, mas esse é um daqueles livros para quem já está acostumado com esse tipo de literatura, onde o que importa é a viagem, as sensações, mais do que a história em si. A paisagem é de sonho, as cenas se formas e se desfazem o tempo todo.
Apesar do romance ser de 1972, recomendo a leitura de A Casa da Paixão depois de A República dos Sonhos , livro da Nélida de 1984, onde ela adota um estilo mais próprio e se afasta da influência da Lispector.
Mesmo assim, para quem curte prosa poética viagem delirante doidimais, recomendo Casa da Paixão. :) -
I read Republic of Dreams which is fantastic