Livro das Horas by Nélida Piñon


Livro das Horas
Title : Livro das Horas
Author :
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ISBN : 8501099783
ISBN-10 : 9788501099785
Language : Portuguese
Format Type : Paperback
Number of Pages : 207
Publication : First published January 1, 2012

Que el lector prepare para el viaje remos firmes y, sobre todo, brújula y timón. Estas aguas aparentemente plácidas ocultan las grutas profundas y las turbulencias interiores de una de las más importantes escritoras brasileñas. Nélida Piñon alterna paisajes míticos e históricos, erige puentes etéreos entre el pasado y el presente, y nos invita a conocer las inquietudes más recónditas de su alma, líricamente impetuosa. La línea de la vida oculta muchos secretos, pero su trazado es una experiencia que sólo se completa viviendo. En este Libro de horas, Nélida Piñon une, de manera generosa y emocionada, su magistral capacidad de contar historias y su más valioso patrimonio: la memoria.


Livro das Horas Reviews


  • Raquel Pilar

    Este foi o primeiro livro da Nelida Piñon que li na vida. Acho que no momento mais ou menos perto do certo.
    Minha cópia é autografada pela autora no ano em que foi publicado (2012) e hoje, 10 anos depois o li enquanto as páginas se soltavam lentamente do miolo. Engraçado como isso por algum motivo fez todo o sentido!
    Li as palavras lindas dela como se estivesse lendo um diário de escrita da autora, tanto que por mais que exigisse de mim alta capacidade de concentração, eu não conseguia parar de ler depois de pegar. Porém, depois de finalmente larga-lo, eu demorei a pegar de novo porque sabia que seria uma atividade intensa! Eu deveria ter lido algo escrito por ela antes de ler esse, mas acho que a experiência foi interessante.
    As partes em que o Gravetinho (o cãozinho da autora) é citado e reverenciado foram especiais! Spoiler: foram vários momentos!
    Terminado o livro, só penso que quem teve/tem a oportunidade de bater um papo com a Nelida é uma pessoa muito, muito sortuda.

  • Marcus Gasques

    Neste seu “Livro das Horas”, a autora narra fragmentos de sua infância, mocidade e idade adulta. Fala de seu encontra pela música clássica, a atração pela literatura e os desafios da escrita. Escreve com igual paixão sobre o Brasil e a Galícia, terra natal de seus pais para onde viajou com frequência.

    “Livro das Horas” traz muitas reflexões sobre amizades, vida e morte. E, repetidas vezes, faz declarações de amor e devoção a Gravetinho, um pinscher adotado que morreu aos 11 anos em 2017. Nélida Piñon faleceu em dezembro de 2022 com 85 anos, e foi sepultada no mausoléu da Academia Brasileira de Letras (cemitério São João Batista), ao lado do corpo de sua mãe, Olivia Carmen Cuiñas Piñon, e das cinzas de Gravetinho.

    Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, deixou quatro apartamentos de luxo à beira da lagoa Rodrigo de Freitas como “herança” para suas cachorras Suzy, de 13 anos, e Pilara, de 3. Para nós, leitores, fica como legado sua obra extraordinária.

  • Ladyce West

    Tradicionalmente o ‘Livro de Horas’ era um pequeno livro, manuscrito, contendo salmos e orações, para a pessoa comum usar como guia dos rituais religiosos. Foram populares na Idade Média, a maioria aparecendo entre os séculos XIV e XVI. Tinham, por vezes, divisões das horas canônicas, para que seus portadores mantivessem as orações necessárias na hora certa. Podiam conter também os meses ou as estações do ano com lembranças das festividades do ano cristão. O ‘Livro de Horas’ era composto de pequenos textos, pois era um guia para reflexão, para a meditação religiosa. Era carregado facilmente em bolsas ou bolsos; poderia ou não ser ilustrado com pinturas à mão, chamadas iluminuras, mais ou menos ricas dependendo da fortuna de seus portadores. Porque eram objetos próprios, especificamente feitos para um só dono, diferenciavam-se, cada qual adaptado ao gosto de quem o encomendara.

    A descrição acima não se aplica ao livro de Nélida Piñon a não ser na forma e no espírito: ponderações oportunas, ritmadas. Meditações variadas. Seu livro tampouco se mostra afiliado aos poemas de amor divino enunciados no volume poético de Rainer Maria Rilke, titulado LIVRO DAS HORAS, publicado em 1905. O que todos têm em comum é o convite à reflexão, a voz introspectiva, o tom meditativo. Este é um livro pessoal, íntimo, mesmo que essa intimidade seja filtrada e dosada. Dona de uma das mais fortes vozes narrativas da literatura brasileira, Nélida Piñon pode ser considerada acima de tudo a escritora da palavra certa, mestra do uso do “mot juste”.

    Engana-se quem imagina perceber nessas reflexões sobre o cotidiano, sobre viagens e leituras, memórias reveladoras dos pensamentos mais íntimos, das alegrias e tristezas de sua autora. Muito pelo contrário, vislumbramos sim, uma pessoa carinhosa para com seu cachorrinho de estimação, Gravetinho; uma pessoa cuja mente associa no perscrutar diário, segmentos de leituras do passado temperadas ao gosto da gastronomia galega. Mas são passos cuidadosos de revelação, passos que avançam o conhecimento que temos da escritora, mas que simultaneamente nos aguçam a curiosidade sobre suas opiniões, sobre suas ‘verdadeiras’ opiniões. A aparente facilidade com que Nélida Piñon pode deslizar da leitura da manchete de jornal a considerações sobre o teatro clássico grego; quando consegue se imaginar dialogando com a boneca Emília do “Sítio do Picapau Amarelo”, passear pelo velho centro do Rio de Janeiro e acabar com os olhos pousados nas águas da lagoa Rodrigo de Freitas, só demonstra sua extraordinária habilidade de cinzelar o texto, de abreviar as pausas e mostrar só, unicamente aquilo que se permite revelar. Mas os véus encobrindo a pessoa continuam a ser tão eficazes quanto a roupa de Salomé antes do espetáculo diante de São João Batista. O que descobrimos não é a autora, mas sua persona.

    Memórias, todos sabemos, são tão grande ficção quanto um bom romance detetivesco. Lembramo-nos do mundo como o desejaríamos que tivesse sido, às vezes para justificar certas ações, outras para nos apresentarmos pelo melhor ângulo. Recontamos só aquilo a que nos permitimos. O mesmo se dá nessa publicação, nesse livro de reflexões. O presente que Nélida Piñon nos entrega, no entanto, nessa coletânea encantadora de meditações enfileiradas como contas de um rosário, é a habilidade de imaginarmo-nos em sua companhia, em conversa sem hora para terminar; saltando de um canto ao outro do mundo; peregrinando pela Ibéria com a escritora a nos servir de guia. O tom é íntimo. Suave. Meia-voz. E com ela escorregamos de um assunto ao outro, às vezes surpresos pelo convívio que revela ter com amigos, por um leve misticismo quase gitano, talvez herdado dos ancestrais espanhóis e alimentado nas raízes brasileiras. O que descobrimos é uma mulher com um interior rico, lúdico e letrado. Só. Imensamente só.

    A leitura de LIVRO DAS HORAS é um presente. Deixou-me com curiosidade ainda maior pela autora, que já participava do meu panteão de sacerdotes da nossa literatura. Percorri a rede à cata de entrevistas, queria ouvir sua voz para finalmente casá-la com os textos que perscrutava. É impossível ler-se essa publicação de uma ou duas sentadas. Ela exige reflexão e os cinco ou seis parágrafos de cada etapa são suficientes para levar-nos, cheios de ponderações, ao dia seguinte, à noite seguinte. Sherazade, é quem me vem à memória. Tal é o encantamento do texto que me fez alongar a leitura por quase um mês, tomando-a a conta gotas, prolongando sua vida ao meu lado, como fez o rei Sheriar.. Foi um prazer!